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Por Jorge
Serrão
A aposta de que a CPI do Cachoeira vai dizimar
seus inimigos políticos (inclusive dentro do próprio PT) é um dos maiores erros
táticos de Luiz Inácio Lula da Silva. Insuflada pessoalmente por Lula, a
comissão parlamentar de inquérito, que assusta a “oposição”, apavora ainda mais
a base governista e a petralhada. Tanto que ontem já ganhava, em Brasília, o
apelido de “CPI Jim Jones”. A previsão politicamente macabra é: “vai morrer todo
mundo abraçado”.
Trata-se de uma referência ao suicídio coletivo cometido
por fanáticos seguidores de um pretenso líder religioso, na Guiana, em 1978. O
governo tem dois medos. Primeiro que sejam revelados negócios ocultos de Lula e
de seus aliados mais próximos que tenham alguma relação com o contraventor
Carlos Augusto Ramos. Mas o medo maior é que venham à tona os nomes de quem se
beneficiou do esquema de obras públicas nos estados, graças aos lobbies de
Carlinhos Cachoeira.
Nunca esteve tão nova a velha máxima de que “CPI se
sabe como começa, mas nunca como termina (geralmente muito mal para o governo)”.
A Comissão de Prostituição do Inquérito do Cachoeira tem tudo para requentar e
retomar velhos escândalos (devidamente abafados) como as ligações perigosas do
ex-assessor e amigo pessoal de José Dirceu na Casa Civil, Waldomiro Diniz.
Também pode recordar o polêmico e nunca provado derrame de R$ 1 milhão no caixa
2 da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, como
contrapartida seria o empenho de Lula em legalizar os bingos. Quem revelou isso
na CPI dos Bingos – e tudo ficou por isso mesmo – foi Rogério Buratti –
ex-assessor e amigo de Antônio Palocci Filho – o mesmo ex-ministro da Fazenda
que foi o sucessor do falecido Celso Daniel na coordenação financeiro da
primeira campanha presidencial vitoriosa de Lula.
Ontem, na Ilha da
Fantasia, um dos mais apavorados era o líder do PR no Senado. Numa reunião tensa
com os líderes da base aliada, o senador Blairo Maggi advertiu a ministra das
Relações Institucionais, Ideli Salvati, que o que o ex-diretor do Dnit Luiz
Antônio Pagot está incontrolável e pode se vingar do governo. Blairo teria
avisado que Pagot é um fio desencapado. Já avisou que quer ser o primeiro a
depor na CPI e vai falar de tudo quanto é obra de rodovia e quem ordenou os
contratos bichados em cada estado.
A CPI tem tudo para ser um fator de
grande desgaste e desestabilização política. Como sempre, muito escândalo deve
ser abafado. O problema é que nem todos serão. Por isso, muitas das revelações
que podem vir à tona sobre a escatologia do desgoverno petralha tendem a causar
instabilidade política. Mais grave é que isto tem tudo para se refletir também
na economia – onde os sinais de inadimplência da farra do crédito já assustam os
bancos e afetam seus resultados nos balanços do trimestre. O clima instável
também pode se refletir no câmbio – o que pode acelerar o desgaste de
Dilma.
Será que é isso que interessa ao egocêntrico $talinácio – que se
julga um líder quase religioso, acima do bem e do mal - tal qual um Jim Jones –,
já preparando seu retorno triunfal na eleição presidencial de 2014 – tendo no
currículo o milagre de se curar até de um violento câncer de laringe? Pois a CPI
do Cachoeira pode ser o sinal de tragédia para o Tim Tones da política
brasileira.
QUE SE REALIZE!
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